Novas orientações sobre manejo da febre
- Dra. Juliana Justi
- há 12 minutos
- 3 min de leitura

A elevação da temperatura corporal observada na febre pode ser de origem infecciosa ou não.
O que é considerado febre?
A febre, quando medida por temperatura axilar, é geralmente definida como uma temperatura igual ou superior a 37,5°C (correspondendo a 38°C quando medida por temperatura oral ou retal).
É esperado que durante o período de febre ocorra um aumento da frequência cardíaca e respiratória da criança.
Nos casos onde a elevação da temperatura corporal é decorrente da dificuldade em perder calor (excesso de roupa, ambiente aquecido) ou mesmo pela produção exagerada de calor (exercícios intensos) chamamos de HIPERTERMIA.
Como medir?
Para todas as idades, é recomendada a medição da temperatura axilar com termômetro digital.
Quando a febre é preocupante?
Se a criança apresenta outros sintomas como: irritabilidade, sonolência excessiva, dificuldade para respirar, manchas na pele ou convulsões.
Se mesmo nos momentos SEM a febre a criança mantém queda importante no estado geral ou respiração rápida.
Em bebês com menos de 3 meses, qualquer febre é motivo para procurar atendimento médico.
Atenção: Não existem evidências clínicas de que a magnitude da temperatura alcançada nos quadros febris tenha qualquer valor prognóstico (gravidade) ou diagnóstico (etiologia viral ou bacteriana) nos quadros infecciosos! Vírus também podem causar febres altas e frequentes!
Como agir em caso de febre?
Observe o comportamento da criança. Se ela estiver ativa e se alimentando bem, a febre pode ser monitorada.
Mantenha a criança hidratada, oferecendo líquidos com frequência.
Evite métodos como banhos frios ou uso de álcool na pele, pois podem causar desconforto.
Quando medicar?
Não existe um valor “mágico” e fixado por consensos para administrar antitérmicos. A recomendação para uso de antitérmicos em crianças deve ser feita quando a febre está associada a desconforto evidente (choro, irritabilidade, redução da atividade, redução do apetite, distúrbio do sono) e não baseado em um número predeterminado. Para MIM, no PRIMEIRO sinal de desconforto vale a pena sim medicar! Ou até antes de chegar o desconforto, a depender da circunstância.
Qual medicamento usar?
No Brasil estão recomendados:
Paracetamol (nome comercial mais conhecido Tylenol): pode ser usado desde recém-nascido);
Dipirona (nome comercial mais conhecido Novalgina): uso indicado a partir de 3 meses e acima de 5kg;
Ibuprofeno (nome comercial mais conhecido Alivium): uso a partir de 6 meses;
Não recomendo uso rotineiro de ibuprofeno, principalmente em casos de febre que ainda não se tem o diagnóstico da causa, pois o ibuprofeno não deve ser usado em casos de dengue, doença muito comum aqui no país.
Precisa intercalar antitérmicos? Não.
No documento é mencionado um estudo de comparação dos 3 medicamentos e foi constatado que depois de 4 a 6 horas, a temperatura média no grupo que usou a dipirona foi significativamente menor que dos grupos com uso de paracetamol e ibuprofeno, demonstrando maior normalização da temperatura com a dipirona.
Opinião minha: na prática já observo que se a febre está vindo alta e frequente a dipirona costuma ter melhor resultado.
Quando levar para avaliação? Orientações MINHAS, se seu pediatra recomenda diferente, siga as orientações dele que conhece seu filho!
Imediatamente nos casos mencionados no tópico “Quando a febre é preocupante”.
Se criança está com febre mas em bom estado geral, ativa e se alimentando, recomenda-se aguardar pelo menos 48 a 72 horas para avaliação médica. Mas, porquê?
1- A maioria das febres são causadas por quadros virais que costumam dar pelo menos 3 dias de febre;
2- Devido ao tempo para surgimento de foco identificável ao exame físico. No primeiro dia de febre o médico provavelmente não encontrará ainda alterações no exame físico e a criança não terá indicação de ser submetida a exames complementares. Logo, terá que retornar para avaliação em tempo adequado.
Achou que seu filho não se enquadrou nos critérios de avaliação imediata que mencionei mas está sentindo que ele não está bem? LEVE! Essas são orientações gerais e ninguém conhece seu filho melhor do que você!
Dúvidas? Deixe nos comentários
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